Liberdade - tarda para uns (mas falha para outros).
E ainda: quem nada possui, nada teme.
Tolos são aqueles que não nos entendem.
Pequenos os que acham que nos entendem, mas discordam de nós.
Não nasci para política de escritório. Quando completei um ano de casa, comprei um taser. Quando fiz 10 anos, escalpei meu chefe com uma colher. Conclusão: Já dizia Ascaris lumbricoides, se não for neutropênico, desescalona, minha filha, desescalona. (na verdade, ela fala que essa palavra não existe).
"Desapêgo". Palavra-chave de 2012. Sim, mas do quê? Devo ser desapegada de quem? Do quê? Acho que devo me desapegar de mim mesma. Desse meu ímpeto pouco comedido. Dessa minha fome de engolir o mundo. Quero me livrar também dessa carne que me limita, marcada para morrer. Essa caixa rígida, que me carrega dia-pós-dia, para mais perto de minha cova - bom, essa quero que se exploda, junto com todas as outras caixas que fazem do trânsito de seres e idéias algo insustentável. Me desapegar do meu deslumbramento deve ser essencial: essa ingênua vivacidade que assusta meus doutos colegas, por exuberância e por ousadia. Ousar é também errar. Desapegar da ansiedade também, e do meu medo. Medo de tudo, mas principalmente do medo de não bastar, de não me bastar. De insuficiência.
E se é prá desapegar, que desapegue-se mesmo. Que se desapegue do que mais esteve excedente em 2011: que se desapegue do amor. Porque sou só amor. Tão amor, que por vezes me pergunto como cabe tanta intensidade em um só peito. Como será que não entro em combustão espontânea a todo outro instante. Mas não, fico aqui, em constante equilíbrio dinâmico, sempre a um passo do desequilíbrio anquilosante. Eita esquiador maldito. Porque você sabe, eu viro estátua.
E se assim me desapegar de tudo isso, sobrará uma casca tão oca e fina e quebradiça que se romperá a mais leve brisa. E dessa vez, não serão lágrimas a escorrer (e como escorrem!). Nada escorrerá. Nada existirá. Não haverá mais nada lá.